Síndrome do Pânico | Um mal contemporâneo?
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Síndrome do Pânico | Um mal contemporâneo?

São reações físicas próprias de situações que anunciam um perigo eminente, também consideradas como alguns dos sintomas da síndrome de pânico.

Mãos suadas, corpo tremulo, coração acelerado, pernas bambas, sensação de vertigem, necessidade desesperada de sair e livrar se deste mal, fugir. São reações físicas próprias de situações que anunciam um perigo eminente, também consideradas como alguns dos sintomas da síndrome de pânico.

Mas qual perigo este sujeito assustado está se deparando que o coloca em estado de alerta?

Com que questões o sujeito contemporâneo está se deparando que o torna uma criança assustada?

No início do século passado, Sigmund Freud via-se diante da neurose de conversão. Era um mal incompreendido em grande parte agravado com o pensamento social e moral da época. A sexualidade não era assunto que dizia respeito às mulheres, às crianças e porque não ao próprio homem civilizado.

O sexo como forma de prazer só era possível às escuras, nos bordéis e prostíbulos. A criança não merecia ser ouvida considerava-se que não tinha pensamentos ou sentimentos próprios e pouco importava o que viesse dela, o importante era o que o adulto lhe transmitiria de caráter. Era vista como uma tela em branco onde se imprimiria o necessário para sua formação.

O primeiro caso de fobia escrito por S. Freud em 1915, é de um menino, Hans, filho de um estudioso que acompanhava as descobertas psicanalíticas Freudiana de forma entusiástica. Desta forma se dispõe a oferecer sua contribuição aos avanços psicanalíticos sendo um pai diferente dos demais da época.

Considerando as descobertas do mestre ofereceu um tratamento mais liberal como forma de experimentar o que aconteceria se a educação fosse menos repressiva. No entanto para surpresa de ambos o garoto desenvolve uma fobia ainda na primeira infância. O pai de Hans relata os fatos para Freud, que se interessa em acompanhar os acontecimentos através de orientações de como ele deveria intervir. Freud não tratou Hans diretamente, esteve com ele apenas em dois encontros, mas era constantemente citado por ambos como uma "lei" que os guiava.

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Mais tarde S. Freud em "O Mal estar da Civilização" trata do dilema em que vivemos. Coloca a insatisfação e repressão dos "instintos" como forma de garantir a continuidade da civilização, se paga um preço que põe em dúvida a tal superioridade do bicho "homem". Descobrirmos-nos tristemente submetidos à repressão, que nos deixa com a sensação de imcompletude.

Tivemos durante o século passado defesa da liberação da sexualidade, a não repressão como forma de desenvolvimento de sujeitos mais estruturados.

Será que a psicanálise, assim como o pai de Hans, nesses mais de cem anos também trouxe uma liberação a partir do momento em que é permitido questionar sentimentos, desejos e repressões? inegável que sim.

Aos poucos a humanidade foi se movendo na direção da rebelação. O movimento Reichiano foi um dos marcos em relação á ciência. Socialmente vivemos o movimento hippie que traz a proposta de liberação sexual e de costumes. Questionou-se tudo, desde os sutiãs, o comprimento dos cabelos até a organização social.

Num balanço panorâmico a civilização ganhou muito, perdeu muito do seu ar sisudo, cinza, metódico e formal em busca de um maior quantum de realização e prazer. Por outro lado, as gerações que vieram após esse marco revolucionário, denunciam as conseqüências desagradáveis dessas mudanças. A falta de um sentido para a vida, para nos organizarmos e construirmos juntos, nos remete diretamente ao "Homo Sapiens" no qual o instinto desvinculado de afeto busca a satisfação.

Será que como o pequeno Hans, não teríamos nos tornado sujeitos mais apavorados com as nossas incoerências afetivas, com as nossas ambivalências, com a nossa suposta conquista de liberdade e autonomia?

Poderíamos dizer então que apesar dessa nova ótica ampliar os conhecimentos acerca da constituição do sujeito, assim como em Hans ela tem efeitos colaterais. O representante do pai já não é em geral contundente o suficiente como força de interdito, o que gera abandono da criança por si mesma. É comum encontrarmos pais perguntando à criança ainda muito pequena o que querem comer ou vestir, por exemplo, colocando-a em um lugar de "saber" que ela não tem como sustentar.

A importância da determinação dos limites na infância e adolescência, como horários fixos, rotina bem definida, além de uma postura firme e clara sobre o que é melhor para a criança e o adolescente, sai do lugar que tínhamos em mente, de pais que querem exercer a autoridade por pura satisfação pessoal.

Quando se fala em colocar limites, o objetivo é diferente desse, a proposta é de que os limites dêem contornos á criança como forma de cuidado, mesmo que não goste, ganhando a segurança de que não precisa temer seus impulsos, tem alguém que cuida para que ela não estrague a ela ou a quem ama.

Atendi crianças em consultório perdidas, num crescente os pais passam idéias contraditórias ou dúbias a respeito do que fazer com a impulsividade, não se fazem presentes como sinalizadores dos limites entre ela e o outro porque estão perdidos em seus próprios conflitos.

Quando vemos um sujeito tomado de sintomas fóbicos, temos contato com a dimensão da angústia de aniquilamento que o invade. Poderíamos dizer que ele precisa muito do seu "temor" como determinante do limite para que não realize seus desejos, que supõe que lhe trarão muitas conseqüências desagradáveis ou mesmo o aniquilariam.

Nos passa a sensação que precisa se cuidar para não estragar a si e aos outros. Sente que o mal está próximo, mais precisamente em suas mãos suadas e no seu corpo trêmulo. A falha do pai como interditor na primeira infância e adolescência, deixou brechas na lei internalizada e o coloca diante de suas fantasias tanto onipotentes quanto destrutivas.

O desafio do tratamento psicanalítico é colocar luz na história deste sujeito para que encontre formas de resignificar esta "lei paterna" e fazer valer os verdadeiros limites e possibilidades para realização de seus desejos.

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Redação IS

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